Aprender com as crianças (e não apenas ensinar)


Imaginado por Cleite Fontenele

Ok, o Natal “acabou”. Gostaria que esse espírito permanecesse durante os outros dias do ano, mas algumas vezes na prática não é bem assim.

Mas existem coisas que não valem só para esta época, e uma delas me tocou particularmente neste Natal que passou.

Desde muito nova aprendi com minha mãe que devemos doar o que podemos, ou que não usamos, não precisamos para quem precisa: Roupas, livros, brinquedos, comida... e por aí vai. Mas me acostumei também a ver pessoas que guardam absolutamente tudo. Um amontoado de bugigangas que não servem pra nada, ou que no mínimo não servem mais para aquelas pessoas. As coisas ficam guardadas porque “um dia, quem sabe” elas vão precisar.

E quem realmente precisa fica sem nada.

Acho que sem perceber, vinha plantando uma sementinha na cabecinha da minha filha, e de vez em quando doamos parte do que ela tem, na maioria das vezes com a participação dela na hora de escolher o que sai de seu quartinho. É claro que algumas vezes ouvi “mas mamãe, eu adoro isso”. E a gente ia negociando...

Neste final de ano, antes de uma nova “faxina” nas suas coisas, contei pra ela que uma priminha não ia ganhar quase nada do Papai Noel, e que minha filhota tinha uma coisa que deixaria a prima muito feliz: uma mesinha daquelas que interage e ensina as crianças os números, as cores, o alfabeto. E ela, depois de entender que eu não estava falando de uma outra mesa que ela ganhou no dia das crianças, rapidamente disse: “Pode dar pro Papai Noel levar pra Dani, mamãe. Eu já brinquei muito com essa mesinha, mas agora eu já aprendi”. E fez isso com um desprendimento e com uma felicidade em saber que estaria deixando alguém feliz que me emocionou. Ela é apenas uma criança!

Emocionou porque vejo como os adultos são mais presos às coisas materiais do que as crianças. Emocionou porque em seguida ela pediu pra minha irmã entregar a mesinha pro Papai Noel levar pra Dani. E me emocionou porque estou falando de um dos brinquedos que ela mais usou e gostou de ter, um dos que achei que seria mais difícil dela se desfazer.

E também, porque não parou por aí. Dias depois, ela ia separando algumas coisas e dizendo: “Pode dar isso pra ...(e ia dizendo os destinatários), eu não preciso mais.” Uma coisa, depois outra, e mais outra. Não partia de mim, mas era iniciativa dela! É claro que ainda existem algumas coisas que ela guarda com carinho, embora bastante surradas, mas aí eu posso dizer também: ela é só uma criança!

Eu sou bastante coruja sim, nunca escondi isso. Mas não estou aqui nem um pouco preocupada em encher a bola da filhota. A atitude dela foi maior do que uma simples babada de mãe.

Quanta coisa nós aprendemos com esses pequeninos no dia-a-dia? Quanta sabedoria, bondade e simplicidade eles carregam?

Acho que devemos apenas ficar atentos pra perceber como eles têm a nos ensinar! Ficar de coração aberto, apoiar atitudes que isoladas podem parecer pequenas, mas que fazem toda a diferença nos dias de hoje.

Ah! Já ia esquecendo: Este serzinho que me orgulha tem apenas 3 anos!

13 comentários:

Geovana on 3 de janeiro de 2008 às 07:33 disse...

Ela é especial sim e não é história de mãe. Não tenho filhos, mas sempre falo isso pra os meus mini vizinhos que me chamam de tia. Ganhou um brinquedo novo? Procura algum outro brinquedo e doa para quem não tem. Fiquei triste porque dia das crianças eles quebraram os brinquedos velhos ao ganhar novos. Pra mim só mostra que não existe um exemplo em casa que os ensine a compartilhar, infelizmente.

Cristiane A. Fetter on 3 de janeiro de 2008 às 09:17 disse...

Sabe uma coisa muito engraçada, a cultura do lugar também influi muito nisso.
Aqui onde moro (Paramus/EUA) não existe esta coisa de "dar" algo para alguém. Não se cresce aprendendo isso. Aqui tudo (o que é possível) é guardadado para ser vendido nas famosas garage sales.
Quando eu pergunto aos americanos porque eles não doam, a maioria me responde que se fizer isso as pessoas não valorizam as coisas, tratam de qualquer jeito e acabam jogando fora, agora, quando eles vendem por preços módicos, o produto sempre tem uma valor agregado.
Eu entendo, até porque as coisas são vendidas por nada, as vezes nem compensa trazer tudo para fora e ficar um dia inteiro fazendo a venda.
Mas é válido, as crianças aqui crescem dando valor ao dinheiro, que não entra de graça e que custa a ganhar.
Mas por outro lado, também crescem sem o conhecimento de dar sem esperar o retorno. Crescem mais, digamos assim, secos, mas embrutecidos.
Claro que existem aqueles que fazem este ato de caridade, mas são raros.
Eu quero ensinar as duas coisas ao meu filho, dar valor ao dinheiro e saber doar para aqueles que não tem, exatamente como sua filha.
Vamos ver...

Luz Fernández on 3 de janeiro de 2008 às 10:25 disse...

Livrar-se das coisas que atribuímos valor sentimental é mesmo difícil. Porque guardamos as coisas como se quiséssemos prender as memórias para a posteridade.
Sua filhinha vai longe, viu? bjs e obrigada pela audiência lá no Carbono Zero.
http://carbonozero.blogspot.com

Rita de Cassia on 3 de janeiro de 2008 às 11:59 disse...

É isso que procuro ensinar para minhas filhas. Fazemos sempre a famosa "catação" que chamamos de Bota-Fora. Separamos roupas, sapatos, brinquedos, objetos, tudo que esteja em bom estado para doação no Centro que frequentamos. Acredito que elas aprendem mais com o exemplo do que com o que falamos pra elas, então sempre que tenho algo que não mexo, não visto, não vejo já há algum tempo, separo para doação. Elas vendo esse comportamento, fazem o mesmo.Procuro sempre mostrar o quanto são privilegiadas de terem família, abrigo, agasalho, saúde, carinho, amor, brinquedos, etc., etc. Acho que estamos indo bem.
Beijos
E obrigada pela visita.
Rita

Rosangela on 3 de janeiro de 2008 às 17:11 disse...

Que gracinha essa menininha! Eu também concordo que o que não serve para nós, com certeza vai servir em alguém. Não costumo me apegar demais às coisas, e por isso sempre estou doando roupas e sapatos. E pretendo ensinar isso aos meus filhos, quando os tiver.

Tá ótimo o blog, adorei!

bjs!

Ana Cláudia Bessa on 5 de janeiro de 2008 às 11:12 disse...

Oi amiga colaboradoida!!!!!!
Que maravilha te ver por aqui contando histórias dessa coisa fofa, única menina do nosso clã!!!

Essa vai ser a mulher do futuro, nossos homens que se cuidem!
Graças à Deus!

Cleite Fontenele disse...

Geo, infelizmente o que vemos hoje são alguns pais "sem tempo" para criar e educar verdadeiramente os filhos, por isso muitas vezes as crianças fazem o errado simplesmente porque ninguém ensinou o certo. Sei que não é fácil nesses dias onde a cobrança pelo sucesso profissional é cada vez mais "in", mas eu estou sempre buscando a melhor forma de preparar a cabeça da filhota pra este mundo de hoje...

Cleite disse...

Cris, ensinar o valor das coisas também sempre foi algo que minha mãe procurou fazer, até porque a vida não foi tão fácil pra gente (somos 5 irmãos). Acho isso super importante, porque muita gente não dá o valor ao que ganha. Acho este equilíbrio o ideal. Basta que as pessoas procurem colocar em prática, né? beijos.

Cleite Fontenele disse...

Luz,
Procuro ficar "presa" apenas às coisas que só têm valor mesmo pra mim (papéis, fotos, lembranças pessoais...). O resto eu procuro me desprender, embora algumas vezes seja realmente difícil. Mas a gente segue aprendendo, não é?

Cleite Fontenele disse...

Rita,

Muito legal a sua atitude, acho que estamos indo pelo caminho certo. No mínimo, estamos tentando, não nos omitimos, e isso já é válido. E isso precisa ser cotidianamente, não apenas nas campanhas que vemos em algumas épocas, né?

Cleite Fontenele disse...

Rosinha,
Agora é mãe babona falando: ela é uma gracinha mesmo! Eu espero conseguir continuar colocando coisas boas na cabecinha dela, para que ela se torne um ser humano legal.

Cleite Fontenele disse...

Amiga,

Nem sei se vale responder depois de tanto tempo, mas estava sem computador. De qualquer forma obrigada pelas boas-vindas! Pretendo me tornar mais presente, sempre que o cansaço permitir e as idéias aparecerem. Beijos pros gatinhos.

Viviane disse...

Que legal ver que a sua filha está crescendo já com esta consciência! Se as mães estivessem preocupadas em educar os filhos, o mundo do futuro seria muito melhor!

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