Reminiscências de Carnaval - Parte 2



Pois é, no outro dia falei de algumas lembranças boas que eu tenho de meus carnavais de criança e adoslescente, mas é impossível não lembrar das lembranças ruins, afinal de contas elas existem.

Lembro das brigas das pessoas bêbadas, dos ciúmes dos maridos com suas esposas ou namoradas que insistiam em sair quase nuas e os "tais" não gostavam.

Ao final dos bailes de carnaval, morávamos muito perto do clube do bairro, em muitas vezes ouvíamos gritaria, corre corre, carros arrancando, ou seja confusão.

Mas, de um dia em especial eu me recordo. Havímaos nos mudado a uns 2 anos da rua central do bairro, para uma rua mais afastada e completamente residencial. Primeira casa própria da família, alegria pura e euzinha com apenas 17 anos e primeiro namorado oficial e com o namoro permitido pelos pais, daqueles com horário e dias certinhos para namorar.

Era carnaval de 1987 e os pais haviam permitido que eu fosse com o namorado até a praça central do bairro ver os blocos, mas deveria estar de volta as 22:30 em casa, isso mesmo, este era o horário para o retorno, ainda bem, pq graças a esta imposição eu hoje posso contar este história.

Quando o relógio marcou 22:20 eu disse ao namorado que era hora de irmos embora, se não meus pais iriam criar um caso, ele prontamente aceitou e iríamos continuar os amassos na varanda da minha casa. Tomamos o rumo certo e quando havíamos nos afastado uns 200 metros da praça, ouvimos gritos, correria e tiros. Quando olhamos para trás, vimos as pessoas em uma correria desabalada, carros sainda em alta velocidade, pessoas desesperadas.

Ficamos assustados e eu o puxei para irmos para minha casa, pois sempre pensei assim, onde tem confusão eu estou longe dela. Chegamos a minha casa muito nervosos e meus pais ficaram bem preocupados e não deixaram ele ir embora tão cedo.

No dia seguinte ficamos sabendo do que aconteceu. Um grupo de extermínio se vestiu de batebola e invandiu a praça do bairro e eliminou um grupo concorrente que estava em um bloco que desfilou no bairro naquele dia. A mesma praça em que havíamos estado a poucos instantes. Tudo muito bem planejado e executado, o problema é que pessoas que não tinham nada com a história do grupo, foram feridas atingidas, no total 3 mortos e vários feridos.

1987 foi o ano em que o carnaval perdeu a simplicidade e a felicidade que antes existia. Desde então aquele ato simples de passear pelo bairro e curtir estes momentos de alegria acabaram.

1987 foi o fim da inocência.



Imagem retirada do blog Tuany de Paula

17 comentários:

Beth/Lilás on 18 de fevereiro de 2009 às 19:23 disse...

É, esse é o grande problema do carnaval.
Álcool, drogas, nudez e grupos a fim de tocar o terror. Por isso não gosto nem de chegar perto de multidão nestes dias.
Já tô de malas prontas para subir a serra.
Ah, meus pais também tinham esse regime de 22;00 em casa! E pensar que hoje em dia a rapaziada sai prás baladas nesse horário e só retornam quando é dia! tsc tsc

beijos cariocas

Rossana on 18 de fevereiro de 2009 às 23:09 disse...

Poxa, fiquei chocada com a história... se fosse hoje, seria até normal... mas em 1987?!
Eu tenho em certo medo dessas festas bem populares - no reveillón em Copacabana sempre tem umas pessoas que, por um azar da vida, acabam "achando" uma bala perdida!
Bom, eu estou em San Diego, CA, há uns 7 meses e os planos são de ficar apenas um ano por aqui. E você, está onde?
Beijos!

Cristiane A. Fetter on 19 de fevereiro de 2009 às 07:01 disse...

Beth, mas nesse caso não foia a violência do carnaval, mas NO carnaval. Um grupo de extermínio se aproveitou deste momento de descontração e tranquilidade e resolveu entrar em ação.
Depois disso não conseguimos ter um carnaval tranquilo.
bjks

Cristiane A. Fetter on 19 de fevereiro de 2009 às 07:02 disse...

Pois é Rossana, eu me lembro que depois desta época o negócio só foi piorando no Rio de Janeiro.
Eu também não frequento festas grandes assim no Rio de Janeiro, também não gosto de confusão e também tenho medo.
Você está em um lugar quentinho, que bom. Estou em New Jersey e não temos planos para voltar.
bjks

Ana on 19 de fevereiro de 2009 às 08:33 disse...

Quando criança, eu saía na banda de Ipanema - tenho foto no ombro do Albino Pinheiro e tudo. Era um troço mais tranqüilo, mas eu só ia pq ia gente da minha família e era à tarde.

Mesmo depois de mais velha, só ia à tarde. Sempre, sempre. Era Simpatia, Barbas, Imprensa...mas só à tarde.

Tem dois anos, fomos à Banda, como sempre. E descobrimos que o Carnaval de rua também acabou pra gente, mesmo à tarde. Chato, mas...fazer o quê?

No Estácio, onde morei décadas da minha vida, participava da montagem na escola, mas não do desfile, minha mãe jamais permitiria. Tinha roda de samba, tudo. O Moreira da Silva me emprestava paletó quanod ficava frio, de vez em quando aparecia o Melodia por lá tb... Mas agora a malandragem ficou porca, acabou. É tudo no tiro, na maldade, na sujeirada mesmo. É só funk, um cara que não tem voz gritando num microfone comuma batida sempre igual, pra gente que pensa como ele, age como ele...Triste.

Dá uma tristeza que vc não imagina. Me desculpe a indiscrição, vc morou onde?

Bjos

Ana on 19 de fevereiro de 2009 às 08:35 disse...

Já li, já li...:-)
Eu costumo fazer compras no Calçadão, ficou ótimo depois da obra. O Zito tb melhorou o salário dos professores, tanto que estou só esperando abrir o concurso desse ano, pq o último eu bobeei e perdi a inscrição! O salário de Caxias e as condições de trabalho são das melhores do Estado do Rio!

ESPOSA TPM on 19 de fevereiro de 2009 às 10:55 disse...

o cris
to esperando um baby boy
meu carnaval sempre foram na chacara com meus pais e depois dos 12 acampando com a igreja...ate os dias de hoje
adoro o periodo, mas nao sei o que eh carnaval fora disso...bjokas

BarbieGirl on 19 de fevereiro de 2009 às 11:21 disse...

Nossa que coisa triste e que sorte a de vcs!
Um dos grandes problemas do carnaval é esse, bebidas, drogas, compétição, azarando a mulher do outro...
Engraçado antigamente 22:00, 22:30 era a hora de chegar e hoje ainda é cedo para sair!

Por isso que quero ficar longe dessas bagunças, não estamos livres de nada + se podemos evitar é melhor!
Beijos

Lucia Cintra on 19 de fevereiro de 2009 às 12:29 disse...

Nossa, pior e' que isso acontece. Adoro carnaval, mas gosto de assistir as escolas e a ouvir a musica e dancar... nao gosto de mais nada, as pessoas ficam meio loucas nessa epoca.

PS: Faz tempo que estou tentando postar aqui, mas por alguma razao nao consigo do meu blackberry. Espero que essa mensagem chegue ate voce. bjos

paul constantinides on 19 de fevereiro de 2009 às 15:37 disse...

eh historia triste cris.
imagino q pior ainda pra quem de fato levou tiros neste caso q vc contou...

mas nada, nada deve nos afetar de forma negativa e que nos fassa ter medo da vida.... no mundo sempre ha, houve e infelizmente havera ainda (mesmo q eu espere q nao) violencia.
temos q manter a alegria, custe o q custar...
ai!!!
jah deu tema pra uma marchinha de carnaval...risos
abs
e desculpe ai...mas a historia do Gramacho eh real...fala pro maridao nao levar a mal nao!!!
abs novamente
paul

Cristiane A. Fetter on 19 de fevereiro de 2009 às 18:14 disse...

Ana, vivi em Duque de Caxias até os meus 26 anos, depois mudei-me de lá, meus pais ainda moraram um tempo, mas depois sairam por uma série de motivos e uma delas foi a quantidade de mosquitos.
Já foi um lugar ótimo, hoje em dia já nem tanto.
bjks

Cristiane A. Fetter on 19 de fevereiro de 2009 às 18:16 disse...

Esposa, eu sabia que era menino, até comentei no seu blog e votei como macho, rs.
Eu gosto deste afasamento da confusão, gosto de saber que as crianças de hoje tem esta opção.
Voce vai ver, seu filho vai achar ótimo fazer o que você sempre fez.
bjks

Cristiane A. Fetter on 19 de fevereiro de 2009 às 18:18 disse...

Pois é Cintia, Deus guiou nossos caminhos naquele dia e graças a obediência que eu tinha pelos meus pais.
amém.
bjks

Cristiane A. Fetter on 19 de fevereiro de 2009 às 18:20 disse...

Lucia, todo excesso é condenável. Eu tive uma infância maravilhosa e pena que a violência entrou na casa de todos desta forma.
Na hora que você estava tentando postar eu estava fazendo mudanças no layout do blog, provavelmente por isso você não estava conseguindo.
bjks

Cristiane A. Fetter on 19 de fevereiro de 2009 às 18:23 disse...

Paul, eu contei esta história aqui para lembrar que temos coisas boas e coisas ruins e quando a delgada linha que separava a violência de nosso bairo foi quebrada.
O importante é sermos felizes e aproveitamos esta época, que para os brasileiros é tão importante.
Quero provas desta história do Gramacho, rs. Eu pesquisei e não achei nada.
bjks

silvia masc on 19 de fevereiro de 2009 às 19:26 disse...

Boas lembranças, minha história é bem parecida com a sua, como sou mais velha, acho que fui "avançadinha"...rs Eu não gosto mais de carnaval, aliás a transmissão via TV tb. me irrita um pouco, nos canais abertos não se fala em outra coisa, mas acho uma delícia ficar em São Paulo, trânsito ótimo, cinemas sem fila, shopping tranquilo, a cidade dos meus sonhos...

beijo

Cristiane A. Fetter on 20 de fevereiro de 2009 às 07:00 disse...

Silvia, eu também adarava o Rio de Janeiro nesta época, ele fica do jeito que você descreveu São Paulo, com um plus de ter praias maravilhosas.
bjks

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