AME

Imaginado por Cleite Fontenele

Semana passada fui à reunião da nova escola da filhota para aquelas coisas de praxe: conhecer a professora, receber boas-vindas, etc. Quando a orientadora pedagógica chamou uma das professoras para falar, achei que seria mais uma apresentação comum. Não foi.

Ela contou uma história, muitas vezes interrompida pelos prantos que, antes de eu saber o motivo de tanta emoção, já havia me tocado profundamente. Eu não lembro o nome do livro nem do autor que a inspirou, nem se o livro falava de algo verídico, mas a história era mais ou menos assim:

Uma mulher tinha uma filha que solicitava sua atenção para brincar e fazer companhia (acho que todas nós, mães de um único filho sabe o que é isso). A mãe, por ter que fazer as coisas de casa, muitas vezes não tinha tempo para parar e brincar como gostaria ou como a criança precisava.

Certo dia, a criança chama a mãe correndo: “Mamãe, corre aqui, vem ver!!!” E a mulher pediu para que ela esperasse e foi terminar de fazer o que estava fazendo. Quando finalmente foi atender a criança, a menina disse, chorando: “Agora é tarde, mamãe, eu queria que você visse um passarinho lindo que havia pousado aqui, mas ele já voou”.

Parece simples, não é? Capricho de criança.

Mas a professora foi além, e entre lágrimas, pediu: Nunca deixe de dar atenção ao seu filho, nunca esqueça de dizer “eu te amo”.

Essa história já havia me tocado porque lembrei das vezes que pedi pra filhota esperar por estar ocupada e das vezes que parei tudo pra brincar com ela. E me tocou ainda mais porque depois, a professora da minha filha foi pedir desculpas em nome da amiga e dizer o porquê de tanta emoção.

É que quem contava a história havia perdido um filho com três anos de idade, e o marido, ao consolá-la na época, disse para ela não sofrer, porque o filho deles morreu sabendo o quanto ela o amava, pois ela dizia isso todo dia pra criança. Já ele nunca havia falado do amor que sentia e isso sim, o fazia sofrer mil vezes mais. Esta é uma história verdadeira, e embora tenha acontecido 13 anos atrás, ainda emociona a mãe e as pessoas que sabem dela.

Às vezes a vida nos cobra tanto (ser boa mãe, boa esposa, boa profissional) que a gente esquece das pequenas coisas que realmente são importantes.

Hoje nós estamos muito resignados à falta de tempo. Tudo é pra ontem, é cobrança em cima de cobrança. Mas temos que aprender a deixar algumas coisas pra depois e procurar dar valor a quem amamos. Desligue o fogão, feche o livro e atenda seu filho, sua amiga, seu marido, seus pais. Se disser que vai ligar depois, ligue. Esta pessoa pode estar precisando de você de verdade, ou apenas pode estar querendo dizer o quanto você é importante pra ela.

A vida tem muito mais valor quando é vivida com emoção, com sentimento. Só nos resta afastar a correria do dia-a-dia e passar a ver o que nos faria felizes de verdade. Vamos tentar??