Reciclando textos - O Valor do Elogio Parte 1


Estou trazendo para cá um texto que eu escrevi a quase um ano para o blog O Futuro do Presente, então vamos lá.

Quero iniciar este comentário com uma experiência que tive aqui nos EUA. Logo quando cheguei precisei ir ao médico e claro procurei um que fosse brasileiro, já que o meu inglês só dava para um hotdog, good morning e olha lá. Levei um choque tão grande que em primeiro lugar fiquei revoltada, depois chocada.

Estava acostumada a ser atendida de uma forma bem diferente no Brasil. Os médicos com quem eu me consultava sempre eram atenciosos, preocupados em pesquisar bem o meu histórico familiar, e o meu histórico pessoal. Apesar de ter plano de saúde eles me atendiam e demonstravam que eu não era apenas mais um número. Quero deixar claro que nunca me enganei achando que era amiga, mas sim um “cliente” deste profissional, mas aí é que está o pulo do gato. Este profissional conseguia me transmitir segurança, empatia, conhecimento e preocupação. Conseguiam também reter na memória detalhes pessoais meus, demonstrando assim que eram tão humanos quanto eu, só que tinham se especializado em uma área de trabalho diferente da minha.

Cheguei mesmo a ter ótimos relacionamentos de amizade com alguns destes profissionais, aliás, uma das minhas melhores amiga é minha dentista.

Sempre ouvimos falar que a medicina aqui nos Estados Unidos é de uma qualidade muito grande, que aqui tudo é muito moderno, as pesquisas são intensas em muitas áreas, que o governo daqui é um grande incentivador, entre outras coisas, mas ninguém falou do atendimento que o humano-médico daqui oferece. Primeiro você tem que ler e assinar muitos papéis com informações que possam isentar o médico de qualquer responsabilidade sobre dados que possivelmente não estejam contidos nestes formulários.

A premissa básica é de que este profissional vai fazer de tudo para se livrar de qualquer responsabilidade. Depois somos colocados em cubículos (é isto mesmo, pequenas salas onde não existem duas cadeiras ao mesmo tempo, se você está com um acompanhante ele não tem onde sentar, imagine então os pais levando o filho ao pediatra) então somos atendidos por enfermeiros/assistentes que são os responsáveis por levantar junto ao paciente todas as informações necessárias para o atendimento. Então ficamos sozinhos aguardando sua majestade o médico, pois para mim é assim que eles se sentem aqui, senhores absolutos da informação sobre saúde e com muito pouco tempo para dedicar a seus simples súditos que tiveram a ousadia de solicitar uma entrevista. São vários destes cubículos por consultório e a sensação que tive foi de fazer parte de uma linha de produção.

Quando finalmente sua majestade vem nos atender, já esperamos um tempo muito grande. Ele não se senta, sendo assim todo atendimento em pé, é como se ele não dispusesse de tempo para poder se sentar e conversar com o paciente de forma gentil. Os exames são sempre superficiais, nosso passado como um todo não interessa muito, perguntar as coisas a ele é quase uma ofensa e quando você demonstra alguma insatisfação ouve que está muito ansioso e que isto não vai ajudar no tratamento. Sem contar que se for necessário, por exemplo, pesar o paciente o médico sai dizendo que já volta, nisto o assistente/enfermeiro reaparece e faz o que for necessário e novamente você fica sozinho.

No começo eu achei que o médico teria ido pegar alguma coisa, ou sei lá consultar algo, mas não, ele entrou em outro “cubículo” e começa ou continua outro atendimento. É como se fosse um beija-flor. De repente o médico some e você percebe que ficou de 40 minutos a 1 hora dentro do cubículo e só depois de um tempo percebe que a consulta terminou ou então a enfermeira/assistente vem te avisar que acabou.

Como você se sentiria em uma situação destas? Chateado? Conformado? Achando que é pessoal, talvez pelo fato de você ser estrangeiro? Ou reclamaria? Foi isto que fiz, mas o “modus operandi” não mudou, fomos simplesmente encaminhados para outro médico que seria especialista no problema e lá tudo se repetiu. Saliento que isto não aconteceu só com os médicos americanos, mas também com os médicos brasileiros que clinicam aqui. Eles absorveram esta forma de trabalhar, pois claramente tem o intuito de ganhar dinheiro. Então baseada nesta informação, o que posso concluir dos profissionais americanos?

Continua

18 comentários:

Scliar on 12 de março de 2008 às 22:44 disse...

Opa opa, Cristiane! Obrigado pelo selinho, vou tirar este fim de semana para posta-lo. So agora tive chance de voltar na tua casa. Mas o comentario mesmo vai para este post sobre a medicina americana. Tudo verdade verdadeira. A culpa? dos advogados, claro! Estes "doutores" criaram uma verdadeira industria de processos, então os médicos morrem de medo... Inclusive de tocar nos pacientes e serem acusados de assédio sexual! Pode?
Um bzu. Boa semana!Ethel

O Profeta on 13 de março de 2008 às 04:19 disse...

O Sol abandonou o céu
A Lua ironiza no celeste
Soltas perversas vontades
Cruzam a tua vida agreste


Convido-te a partilhar a minha visão da forma em
como a vida às vezes é perversa para algumas mulheres…


Doce beijo

Carla Beatriz on 13 de março de 2008 às 07:50 disse...

Oi Cris,

Eu me lembro desse teu texto no O Futuro do Presente. Faz a gente pensar muito a respeito.

A propósito, tem post novo no meu blog, conforme pediste! ;-)

Beijos mil

Lola on 13 de março de 2008 às 10:21 disse...

Af! Eu voltaria para casa pior do que estou!!!
Beijo.

Cris on 13 de março de 2008 às 10:38 disse...

Nossa, que coisa, hein?!
Que interessante, eu não tinha a menor idéia que o atendimento nos EUA pudessem ser assim, tão diferente.


Beijos!

Isabella on 13 de março de 2008 às 13:46 disse...

Oi Cris, já li muitos depoimentos como os seus e mesmo tendo HMO, nunca passei por nada parecido.

Coincidentemente a Paula, do Era do Gelo, escreveu sobre o sistema de saúde no Canadá - http://eradogelo-paula.blogspot.com/

e eu concordo plenamente quando ela diz que não faz mais comparações. Não dá pra comparar macã com laranja...

e não devemos nos esquecer que viemos de uma elite dentro das camadas sociais brasileiras e jamais saberemos o que passam as pessoas q precisam de serviços públicos porque não podem pagar um plano de saúde...

não estou justificando o que pode ser considerado maus tratos. Mas que devemos manter as devidas perspectivas.

bjs e espero que tudo isso mude pra vc!

Cristiane A. Fetter on 13 de março de 2008 às 15:35 disse...

Oi Isabella, então, o acontecido que está narrado neste texto começou a acontecer a quase dois anos e a um eu escrevi o post para o blog O Futuro do Presente.
O engraçado é que eu também já ouvi pessoas elogiando, mas a quantidade de pessoas reclamando é bem maior.
Com certeza eu fiz a comparação do meu nível de vida no Brasil com o daqui, seria injusto fazer comparação de outro, mas eu já utilizei muito o sistema unico de saúde e eu não desejo isso para o meu pior inimigo, entao eu bem sei a diferenca.
Infelizmente o sistema não mudou e eu já fui a vários médicos de cidades diferentes, clínicas e hospitais diferentes e é tudo igual. Aliás até americanos reclamam, mas a gente se acostuma.
A única pessoa diferente que eu encontrei é um dentista gaúcho que tem como assistente uma carioca e como secretária uma paulista. Preocupado, dedicado, delicado, liga para saber se está tudo bem. Acho que minha sina é me dar bem com dentistas, risos.
Mas você vai se adaptando ao modus operandi daqui e hoje eu já tenho uns chiliques e as coisas ficam menos piores.
Mas aguarde o resto do post de amanhã e você vai entender o porque desta história tao grande.
Beijocas

Cristiane A. Fetter on 13 de março de 2008 às 15:36 disse...

Lola minha filha e você acha que ue não já voltei assim, foi no episódio do pulso quebrado. E também tive uma micose entre os dedos, HORRIVEL!.

Beijocas

Cristiane A. Fetter on 13 de março de 2008 às 15:36 disse...

Oi xará, tudo aqui é diferente, coisas ótimas que a gente logo se adapta e coisas horrorosas que a gente faz post, risos.

Beijocas

Rita de Cassia on 14 de março de 2008 às 08:16 disse...

Sou de fácil convívio, costumo me "acostumar" com diversas situações e pessoas, mas, sei não... talvez me sentisse maltratada. Dou atenção e quero atenção. Sei que vivendo num outro país eu teria que me habituar, mas FICAR CALADA, JAMAIS!
Beijo
Rita

Lívia on 14 de março de 2008 às 09:18 disse...

Oi, Cris! Voltei!

Gostei muito do post, me fez lembrar uma frase que não lembro o autor: "A maioria dos médicos trata a doença, e não o paciente". Parece simples, mas é uma diferença incrível...

beijos, e brigada pelo apoio!

Cristiane A. Fetter on 14 de março de 2008 às 10:16 disse...

Oi Livia, que saudades.

Voce usou uma frase bem apropriada, gostei.

Beijocas

Sonho Meu on 16 de março de 2008 às 14:44 disse...

Os medicos aqui gostam de curar doenças baseados em numeros. De 3 e 3 mses fazem exame de sangue, glucose, trigliceres e escambau. Se os numeros batem com a tabela x fica por isso mesmo e se nao batem, metem mais remedio nos pacientes. Na proxima consulta tira sangue, colhe urina pra mesma ladainha.
Ah...e comos ao impessoais. a unica medica que chega perto da gente e a gineco e ainda assim tem que ter uma enfermeira do lado, testemunha ocular da historia.
É bussiness hehehehehe, infelizmente.Tambem concordo que sao muito impessoais e nao querem conversar muito nao.
Swui ta sua receita, alguma pergunta...have a good day !
bjos,

Isa on 17 de março de 2008 às 00:58 disse...

Nossa, que coisa mais fria!
Eu sei que eles têm muita coisa pra fazer em tão pouco tempo, mas ser gentil não custa nada, né?

Beijos!!

Anny on 20 de março de 2008 às 11:49 disse...

Oi Cristiane:
Meu filho é anestesista e para fazer uma anestesia tem que fazer uma consulta antes. Não sei se ele sabe como são estas tais consultas aí. Mas todos gostam dele e fazem questão de sua presença. Credo! Deus me livre de um lugar deste.

Cristiane A. Fetter on 20 de março de 2008 às 15:29 disse...

Elena é isso mesmo. Não gosto desta frieza, desta falta de vínculo.
Com isso eu nunca vou me acostumar.
Beijocas

Cristiane A. Fetter on 20 de março de 2008 às 15:30 disse...

Isa minha filha, e poõe frio nisso. A sensação é de uma linha de produção.
Destesto

Beijocas

Cristiane A. Fetter on 20 de março de 2008 às 15:33 disse...

Anny, diga a seu filho que eu tenho excelentes recordações de anestesistas.
O primeiro é de um que depois de um tempo nesta profissão resolveu também se especializar na área de alergia e foi o melhor médico que eu já conheci e o primeiro a adivinhar o sexo do meu filho.
O segundo foi exatamente o anestesista do parto do meu menino, tive que fazer uma cesárea de emergência e ele foi carinhoso, gentil, engraçado, foi exatamente o que eu precisava naquela hora, o nome dele é Marcos.

Ou seja até agora de 100% dos anestesistas que conheci, 100% foram ótimos, risos.

Beijocas

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